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Tu tens a mania

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Livros Lidos: Os Anagramas de Varsóvia

Ao longo do mês de Maio, decidi criar pequenos hábitos que me permitissem estimular a minha criatividade. Entre eles, está a elaboração de reviews dos livros lidos e dos filmes/séries vistas. No entanto, ao longo desse mês, mantive as minhas opiniões escondidas no meio das páginas do meu caderno. Neste mês de Junho, decidi dar o passo seguinte e partilha-las.

 

Há um ano atrás, tinha acabado de conhecer Richard Zimler, com o livro O Último Cabalista de Lisboa. Após ter terminado esse livro e de ter conhecido o escritor na Viagem Literária da Porto Editora, comecei a namoriscar Os Anagramas de Varsóvia. Felizmente, os meus primos decidiram oferecer-me o livro no meu aniversário (suas coisas fofas). Devido à quantidade de livros que tinha (e ainda tenho) por ler, fui adiando a leitura deste, até estipular que o iria ler no mês de Junho, por ter sido o mês em que terminei o outro livro de Zimler (manias, que é que se há-de fazer??).

 

O livro conta a história de Erik Cohen, um velho psiquiatra que foi obrigado a ir viver com a sua sobrinha e sobrinho-neto (Adam), no gueto judeu de Varsóvia, no Outono do ano de 1940, altura da ocupação nazi. Quando Adam aparece morto, pendurado na vedação de arame farpado que separa os judeus do resto do mundo, com uma das pernas cortadas, Erik inicia uma busca pelo assassino do seu sobrinho. Juntamente com um amigo de infância, Izzy, Erik começa a juntar as peças que ligam este assassinato à morte de outras crianças judaicas e, eventualmente, à pessoa por detrás destas mortes. 

 

Considero o enredo fenomenal, cheio de intriga e uma visão aprofundada da realidade que os judeus passaram nas mãos dos nazis. Tal como aconteceu com O Último Cabalista. Zimler consegue mostrar a crueldade que a ignorância, ganância e xenofobia conseguem criar e os pesadelos que estes causaram aos judeus. É um daqueles livros que nos permite fazer um reality check à nossa vida e aos que nos rodeiam e permite lembrar-nos que as atrocidades que causamos jamais serão esquecidas.

 

"No mínimo dos mínimos, devemos aos nossos mortos o estatuto de pessoa única"

 

"Os judeus da nossa terra aprendem estratégias defensivas desde muito cedo"

 

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Richard Zimler

Sempre foi um escritor que ouvia falar durante anos, mas não conhecia. Via o seu livro O Último Cabalista de Lisboa nas estantes das livrarias e nunca tive a curiosidade de lhe pegar e conhecer o porquê do burburinho. Mas um dia isso mudou. Foi há pouco mais de um ano que vi O último Cabalista a venda, com uma capa diferente do que era habitual, e com 50% de desconto. Foi aí que peguei, pela primeira vez, num livro dele. Escusado dizer que ele veio comigo para casa. Ainda resisti um pouco a lê-lo. Tinha alguns livros ainda para ler e fui sempre adiando até que, no início do corrente ano me decidi, a lê-lo. No início tive alguma dificuldade em ler. Era uma escrita um pouco diferente do que estava habituada, bem como o tipo de história divergia do que lia: não gosto de livros com alguma relação à religião (excepto alguns romances de um certo escritor que apresenta as notícias no canal público) . Não é que o livro seja sobre religião per se. A história gira em torno um jovem judeu que sobrevive ao Massacre de Lisboa de 1506 e que tenta descobrir quem matou o seu tio. Deixei o livro de lado durante algum tempo por causa da descrição das atrocidades que as pessoas fizeram aos judeus. Mas, eventualmente, superei o meu desconforto e acabei por devorar o livro.

 

Quando gosto imenso de um livro, tenho sempre receio de ler um outro livro do autor. Tenho sempre medo de criar expectativas em relação ao autor e, depois, me desiludir (daí ainda ter Os Anagramas de Varsóvia na estante à minha espera). No entanto, o que mais conquistou em Richard Zimler foi a sua maneira de ser. Tive o prazer de o "conhecer" na Viagem Literária, em Coimbra. Para além da fantástica forma de falar, achei-o extraordinário: simples, humilde, com um conhecimento invejável. E, a partir daí, fui pesquisando por entrevistas que ele tenha dado. Aquela que mais adoro é, sem dúvida The Man I Love, do Público, dada em 2012 juntamente com Alexandre Quintanilha. Falam de como se conheceram, de homossexualidade, SIDA e da mudança dos EUA para Portugal. Foi das entrevistas mais apelativas que alguma vez tinha lido e é a única que se encontra guardada nos Favoritos do meu browser

 

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 Autoria: Nelson Garrido

Ontem, o Jornal I publicou uma entrevista com Richard Zimler acerca do seu novo livro (O Evangelho Segundo Lázaro). Começam po falar no livro, mas a conversa chega, eventualmente, à relação com Alexandre Quintanilha. Foi aqui que li um dos melhores conselhos acerca de relacionamentos. Eu sempre adoptei essa posição, mas as coisas nunca correram muito bem para o meu lado. E ver alguém que admiro e que se encontra numa relação há quase 40 anos a dizer o mesmo, serve para me aperceber que, afinal, não estava assim tão enganada.

 

"É preciso aprender a amar?

Sim. Isso aprendi com a minha mãe, apesar de todas as dificuldades que tinha com ela. Podíamos ter uma discussão terrível e ela pegava na minha mãe e dizia: “Podemos voltar ao início porque isto não correu bem?”. E eu confiava na mão dela. Foi a minha mãe que me ensinou que, por vezes, basta dar um beijinho ou pegar na mão. Nunca me deito zangado com o Alexandre, não sou capaz. Isto foi o Alexandre que teve de aprender comigo. Ele não confessava que estava chateado, durante dias, semanas, e depois explodia. Isso não dá. Antes de irmos para a cama, se temos algo para falar, eu digo: “Sei que estás cansado, mas temos de falar, são dez minutos.” E resulta."

 

Acho terrível que as pessoas achem que as coisas passam com o tempo. A única coisa que passa com o tempo é a mágoa (e há delas que nunca desaparecem), e a vontade de mudar. Estive 5 anos numa relação em que a outra parte dizia, constantemente, que estava tudo bem e, passado algum tempo, explodia. Se resolvia alguma coisa? Nada, só piorava. Chegou a um ponto que nem valia a pena perguntar o que se passava e as coisas começaram a acumular-se. Quantoas relações não terão passado pelos menos, e quantos se mantém assim, degradando ambas as partes?

 

Não falar não é solução. Pelo contrário, é mais um pedaço de madeira para manter o fogo activo. Portanto, vamos falar???

 

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