Música no trabalho
Um dos maiores receios que tinha antes de começar a trabalhar na empresa onde estou era a (im)possibilidade de ouvir música enquanto trabalhava. Sempre vivi rodeada pela música e sei que trabalho muitíssimo melhor com música de fundo. Felizmente, esta ansiedade foi rapidamente ultrapassada no primeiro dia, no momento em que verifiquei que o meu posto de trabalho tinha um rádio. Apenas sintonizava uma estação, mas a música que por lá passava não era, de todo, má e cumpria o seu objectivo.
Quando mudei de posto, o computador foi comigo e, assim, comecei a passar os meus dias a ouvir a Antena 3. O meu actual lugar de trabalho é um tanto barulhento e, por isso, necessito (mesmo!) da música para concentrar. Tem-me, igualmente, ajudado na gestão do stress diário que tenho e melhorado a minha capacidade de organização (é frequente a vontade de atirar as folhas todas para o ar e fugir). Noto, bastante, a diferença de quando trabalho com música e sem música. A maior diferença é na minha capacidade de gerir as emoções. Com a música, torna-se mais fácil de me abstrair e conseguir fazer um reset ao tumulto dentro de mim. Quando estou sem música, começo a esfumar dos ouvidos bem mais rapidamente e a imaginar como haveria de assassinar a pessoa que me está a irritar (também acontece quando oiço música, mas aí sou muito mais criativa).
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Eu sei que existem patrões que não gostam de música no local de trabalho (um deles é o meu, mas rapidamente se apercebeu que seria uma guerra perdida na empresa. Quase todos os postos de trabalho têm música, seja da rádio ou do computador e é dos primeiros sons que se ouve logo de manhã: a música e o ligar das máquinas), mas as pessoas têm a tendência de não perceberem o impacto da música na vida e no cérebro das pessoas. A música é estimulante e é relaxante. A música permite-nos descontrair e a concentrar. A música ajuda-nos a ver os problemas como algo de solução fácil e rápida e a fazer-nos querer arregaçar as mangas para resolver as coisas imediatamente. A música torna o trabalho mais fácil de tolerar, principalmente quando se trabalha em algo que não se gosta. E caso tenham dúvidas disto, basta consultarem a ciência (artigo da Shifter).
É óbvio que nem toda a música serve. Existe música que é distractiva. Ouvir música carnavalesca ou pimba é meio caminho andado para que não se faça o trabalho. Se o trabalho for aborrecido, uma música lenta (e aqui também depende dos gostos de cada um) dará vontade de dormir. A música deve ser adaptada de acordo com os gostos e o modo como as pessoas funcionam. Eu, por exemplo, ouvia The Prodigy, Rammstein e System of a Down enquanto estudava cálculos e físicas na universidade. Jamais ouviria no local de trabalho porque 1) é demasiado barulhento e acabaria por não ouvir as pessoas e 2) estimula-me demasiado para as tarefas que normalmente tenho em mãos e 3) honestamente? as pessoas iriam achar que eu era uma maluquinha e já me basta o estereótipo de "a menina mais nova". Já em casa (ou a caminho de casa, obrigada Spotify!), nos dias em que estou mais irritada, não os dispenso.
As pessoas (e por pessoas falo nos patrões) deviam ser mais compreensivos, fazerem um esforço para entender como podem melhorar o dia-a-dia dos trabalhadores e deixarem de revirarem os olhos sempre que notam que os trabalhadores estão a ouvir música. A música não morde, mas os trabalhadores morderão se lhes tiram a música
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