Livros lidos: Os Versículos Satânicos
Comprei este livro quando entreguei a versão provisória da minha dissertação. Passeava pela livraria enquanto fazia tempo para apanhar o comboio e não tinha qualquer intenção de comprar livros. Quando vi a capa e o título deste livro, fiquei intrigada. Peguei nele, li a sinopse e voltei a coloca-lo na prateleira. Continuei a navegar pela loja, mas acabei por regressar a casa com este livro debaixo dos braços.
Ficou na minha estante plantado durante alguns meses. Trata-se de um autor que nunca tinha lido e costumo demorar algum tempo até pegar livros de autores que não conheço. Mas rendi-me durante o mês de Julho. Como tenho a mania de ler dois livros ao mesmo tempo, a certa altura tive que colocar Os Versículos de parte, pois comecei a confundir enredos e nomes (coisa que normalmente não me acontece). Quando voltei a pegar nele, as coisas fluíram maravilhosamente.
O livro gira em torno de dois indianos: Gibreel Farishta, um grande actor do cinema indiano, e Saladin Chamcha, expatriado em Inglaterra que decide voltar à Índia ao final de 15 anos. Estas duas personagens cruzam-se durante uma viagem de avião e acabam por serem os únicos sobreviventes quando o avião explode no decorrer de um ataque terrorista. Após este acidente, os dois homens sofrem transformações peculiares. A personalidade de Farishta começa a transformar-se na personalidade do anjo Gabriel e a personalidade e físico de Chamcha assemelham-se à de um demónio. Ao longo do livro, enquanto se observa a forma como cada personagem lida com estas alterações, é também possível ler algumas visões ligadas à mente de Farishta.
Eu gostei imenso do livro e da forma como a história foi sendo desenvolvida. Assim que terminei a leitura, fiquei um pouco curiosa e fui pesquisar sobre o livro e o autor. Nessa pesquisa, descobri que o livro é polémico. A comunidade Islâmica considera que se trata de um livro blasfémico e acusam o autor de mau uso da liberdade de expressão. Na Índia, este livro encontra-se ainda banido. E houve, inclusive, ameaças de morte ao escritor e à sua família, e vários tradutores foram vítimas de tentativas de homicídios.
Honestamente, nunca pensei que o livro seria tão polémico e creio que a culpa seja por não ter grande conhecimento da religião islâmica. Continuo a achar que é um bom livro que gostei imenso de o ler, mas, após ter tido o conhecimento da controvérsia, decidi voltar a pegar nele num futuro próximo e ir pesquisando os nomes e histórias mencionadas.
Foi um livro comprado de surpresa e foi uma das melhores leituras que tive nos últimos tempos (com ou sem polémicas).
"Para se nascer de novo é preciso primeiro morrer"
"Ninguém pode avaliar uma lesão interna pelo tamanho da ferida superficial"
"Alguém escreveu que o mundo é o lugar que, morrendo nele, provamos ser real"