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Tu tens a mania

Tu tens a mania

Livro lidos: The Year of Magical Thinking

A primeira vez que ouvi falar em Joan Didion foi devido a um texto dela sobre a importância de manter um diário. Li o texto em causa e gostei, imediatamente, da forma como Didion escreve. No entanto, só me convenci a ler um livro dela após ter visto o documentário da Netflix, Joan Didion: The Center Will Not Hold. Decidi começar por The Year of Magical Thinking.

 

“Life changes in the instant. The ordinary instant."

 

Escolhi este livro por achar mais apropriado após a visualização do documentário. Já sabia sobre o que falava e, por isso, decidi, como na gíria se diz, enfrentar o touro pelos cornos. Este livro trata-se de uma reflexão do ano que se seguiu à morte do marido de Joan, John Gregory Dunne. Dunne morreu alguns dias após a filha deles ser internada no hospital por causa de uma pneumonia e em perigo de vida. Ao longo do livro, Didion relata o que foi acontecendo ao longo desse ano e de que forma ela foi reagindo às adversidades que lhe foram aparecendo.

 

“A single person is missing for you, and the whole world is empty.” 

 

Não é um livro difícil de ler, pois a escrita de Joan é simples e concisa. No entanto, devido ao tema que é abordado (o luto), não se pode dizer que seja um livro fácil de ler. Para alguém que ainda não perdeu @ parceir@ de vida, a leitura deste livro permitiu-me entender melhor o sofrimento provocado por tamanha perda. Para alguém que tenha perdido alguém assim tão próximo, talvez seja um pouco reconfortante entender que não está sozinh@.

 

Foi um livro que me deixou com um aperto no peito e uma vontade de abraçar quem me é próximo. E creio que o próximo livro que irei ler de Joan Didion também me irá deixar de lágrimas nos olhos.

 

"I know why we try to keep the dead alive: we try to keep them alive in order to keep them with us. I also know that if we are to live ourselves there comes a point at which we must relinquish the dead, let them go, keep them dead."

 

 

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Livros lidos: Wishful Drinking

Sou fã de Carrie Fisher desde o dia que a vi em Star Wars. Com o passar dos tempos e o aparecimento das redes sociais, Carrie Fisher tornou-se numa das minhas personalidades favoritas. Mas, estupidamente, nunca tinha lido um livro dela. Há uns meses atrás, "tropecei" numa promoção e acabei por comprar o meu primeiro livro de Fisher, Wishful Drinking, que foi o seu primeiro livro de não-ficção. Nest livro, ela conta como foi crescer com Debbie Reynolds como mãe e Eddie Fisher como pai, como foi a sua relação com os casamentos destes, a sua relação com Paul Simon e Bryan Lourd (pai da sua filha Billie Lourd), e a sua relação com o álcool, as drogas e a bipolaridade.

 

É um livro recheado de piadas, trocadilhos e sarcasmo, muito sarcasmo. Demorei menos de 24 horas a ler este livro, por tão viciante que era a escrita. Fisher fala da sua vida com tal leveza, que leva uma pessoa a pensar que, de facto, devíamos levar a vida com menos seriedade e mais humor.

 

A escrita de Carrie Fisher tornou-se o mais recente motivo para a adorar e já tenho em mente o próximo livro dela que irei adquirir: Shockaholic.

 

 

"Resentment is like drinking a poison and waiting for the other person to die"

 

"If my life wasn't funny, it would just be true, and that is unacceptable"

 

"You know how they say that religion is the opiate of the masses? Well, I took masses of opiates religiously"

 

 

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Livros lidos: The Handmaid's Tale

Antes de mais, tenho que admitir que fui influenciada a comprar e a ler este livro devido à série televisiva. Comprei-o antes de a série começar, mas só o li durante as férias. E não, ainda não vi a série.

 

Foi um daqueles livros que devorei em dois dias e que passei os dias seguintes a pensar nele sem conseguir pegar noutro livro. A história passa-se num futuro distópico, na República de Gilead (ex-EUA). Um grupo fundamentalista cristão - os Filhos de Jacob - organizaram uma revolução e conseguiram suspender a constituição. Com isto, fizeram desaparecer os direitos das mulheres e, como o número de mulheres férteis era reduzido devido à poluição e doenças, criaram um grupo de trabalho (forçado) constituído por todas as mulheres férteis, cujo objectivo é gerar crianças para as famílias de classe privilegiada.

 

Esta história é contada do ponto de vista de Offred, desde o momento que inicia o seu terceiro trabalho, ou seja, desde que ela se muda para a casa da família para a qual ela terá de dar a criança que gerar com o homem da casa, o Comandante. Durante as primeiras páginas, é-nos possível conhecer um pouco do que é ser uma handmaid, os seus direitos e deveres, o que faz no dia-a-dia, proibições e o modo como elas interagem com o mundo. Ao longo do enredo, Offred conta ainda as pequenas memórias que tem do tempo antes da revolução, do marido e da filha que nunca mais viu e não sabe se estão vivos.

 

O livro foi publicado em 1986, altura em que Ronald Reagan declarava que a sociedade necessitava de retomar aos velhos costumes, a sociedade vivia assustada com o vírus VIH e os movimentos cristãos e de direita começavam a ganhar força, em resposta ao movimento Free Love (movimento que aceita todas as formas de amor, defendido pelos hippies). Passados 20 anos, podemos ver que as coisas, no fundo, não mudaram muito.

 

Devido à temática, achava que iria ser um livro agressivo. Porém, Atwood tem um dom de conseguir escrever de forma simples e profunda, sem chocar. Mas acredito que a série seja bem mais agressiva e arrepiante, até porque existe situações que são meramente mencionadas no livro e que numa série existe imenso espaço para as explorar. No entanto, foi um livro que me deixou inquieta devido à forma como as coisas são retratadas e à forma como a mulher é vista no livro. Esta visão, infelizmente, ainda existe na nossa sociedade: que a mulher deve-se tapar, que a mulher só serve para gerar crianças, que a mulher não tem direito a opinião, que se uma mulher é violada foi por culpa dela... Este "movimento" tem piorado nos últimos meses à custa da eleição do Trump e da propagação do movimento alt-right que não sabe interpretar textos e entender ironia (ainda hei-de escrever algo sobre isto porque, para mim, é hilariante).

 

Tenho meramente uma critica a fazer este livro: acaba num valente cliffhanger. Não sei o que acontece a Offred e preciso de saber.  Se alguém viu a série e sabe o que lhe acontece no final, podem dizer-me???

 

"Nolite te bastardes carborundorum. Don't let the bastards grind you down*"

 

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* Lema para a vida, criada como piada nas aulas de latim da infância de Atwood

Livros lidos: Os Versículos Satânicos

Comprei este livro quando entreguei a versão provisória da minha dissertação. Passeava pela livraria enquanto fazia tempo para apanhar o comboio e não tinha qualquer intenção de comprar livros. Quando vi a capa e o título deste livro, fiquei intrigada. Peguei nele, li a sinopse e voltei a coloca-lo na prateleira. Continuei a navegar pela loja, mas acabei por regressar a casa com este livro debaixo dos braços.

 

Ficou na minha estante plantado durante alguns meses. Trata-se de um autor que nunca tinha lido e costumo demorar algum tempo até pegar livros de autores que não conheço. Mas rendi-me durante o mês de Julho. Como tenho a mania de ler dois livros ao mesmo tempo, a certa altura tive que colocar Os Versículos de parte, pois comecei a confundir enredos e nomes (coisa que normalmente não me acontece). Quando voltei a pegar nele, as coisas fluíram maravilhosamente.

 

O livro gira em torno de dois indianos: Gibreel Farishta, um grande actor do cinema indiano, e Saladin Chamcha, expatriado em Inglaterra que decide voltar à Índia ao final de 15 anos. Estas duas personagens cruzam-se durante uma viagem de avião e acabam por serem os únicos sobreviventes quando o avião explode no decorrer de um ataque terrorista.  Após este acidente, os dois homens sofrem transformações peculiares. A personalidade de Farishta começa a transformar-se na personalidade do anjo Gabriel e a personalidade e físico de Chamcha assemelham-se à de um demónio. Ao longo do livro, enquanto se observa a forma como cada personagem lida com estas alterações, é também possível ler algumas visões ligadas à mente de Farishta.

 

Eu gostei imenso do livro e da forma como a história foi sendo desenvolvida. Assim que terminei a leitura, fiquei um pouco curiosa e fui pesquisar sobre o livro e o autor. Nessa pesquisa, descobri que o livro é polémico. A comunidade Islâmica considera que se trata de um livro blasfémico e acusam o autor de mau uso da liberdade de expressão. Na Índia, este livro encontra-se ainda banido. E houve, inclusive, ameaças de morte ao escritor e à sua família, e vários tradutores foram vítimas de tentativas de homicídios.

 

Honestamente, nunca pensei que o livro seria tão polémico e creio que a culpa seja por não ter grande conhecimento da religião islâmica. Continuo a achar que é um bom livro que gostei imenso de o ler, mas, após ter tido o conhecimento da controvérsia, decidi voltar a pegar nele num futuro próximo e ir pesquisando os nomes e histórias mencionadas. 

 

Foi um livro comprado de surpresa e foi uma das melhores leituras que tive nos últimos tempos (com ou sem polémicas).

 

"Para se nascer de novo é preciso primeiro morrer"

 

"Ninguém pode avaliar uma lesão interna pelo tamanho da ferida superficial"

 

"Alguém escreveu que o mundo é o lugar que, morrendo nele, provamos ser real"

 

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Livros Lidos: Os Anagramas de Varsóvia

Ao longo do mês de Maio, decidi criar pequenos hábitos que me permitissem estimular a minha criatividade. Entre eles, está a elaboração de reviews dos livros lidos e dos filmes/séries vistas. No entanto, ao longo desse mês, mantive as minhas opiniões escondidas no meio das páginas do meu caderno. Neste mês de Junho, decidi dar o passo seguinte e partilha-las.

 

Há um ano atrás, tinha acabado de conhecer Richard Zimler, com o livro O Último Cabalista de Lisboa. Após ter terminado esse livro e de ter conhecido o escritor na Viagem Literária da Porto Editora, comecei a namoriscar Os Anagramas de Varsóvia. Felizmente, os meus primos decidiram oferecer-me o livro no meu aniversário (suas coisas fofas). Devido à quantidade de livros que tinha (e ainda tenho) por ler, fui adiando a leitura deste, até estipular que o iria ler no mês de Junho, por ter sido o mês em que terminei o outro livro de Zimler (manias, que é que se há-de fazer??).

 

O livro conta a história de Erik Cohen, um velho psiquiatra que foi obrigado a ir viver com a sua sobrinha e sobrinho-neto (Adam), no gueto judeu de Varsóvia, no Outono do ano de 1940, altura da ocupação nazi. Quando Adam aparece morto, pendurado na vedação de arame farpado que separa os judeus do resto do mundo, com uma das pernas cortadas, Erik inicia uma busca pelo assassino do seu sobrinho. Juntamente com um amigo de infância, Izzy, Erik começa a juntar as peças que ligam este assassinato à morte de outras crianças judaicas e, eventualmente, à pessoa por detrás destas mortes. 

 

Considero o enredo fenomenal, cheio de intriga e uma visão aprofundada da realidade que os judeus passaram nas mãos dos nazis. Tal como aconteceu com O Último Cabalista. Zimler consegue mostrar a crueldade que a ignorância, ganância e xenofobia conseguem criar e os pesadelos que estes causaram aos judeus. É um daqueles livros que nos permite fazer um reality check à nossa vida e aos que nos rodeiam e permite lembrar-nos que as atrocidades que causamos jamais serão esquecidas.

 

"No mínimo dos mínimos, devemos aos nossos mortos o estatuto de pessoa única"

 

"Os judeus da nossa terra aprendem estratégias defensivas desde muito cedo"

 

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