Talvez um regresso
Não me lembro da última vez que aqui escrevi. Li o meu último texto e parece-me algo escrito por outra pessoa. Um outro eu. As doenças mentais não são fáceis. Principalmente quando são várias ao mesmo tempo. Pior ainda quando acontece a alguém teimosa (a minha psicóloga gosta de dizer que é persistência). Mas a verdade é que neguei aquilo que sentia e sofria. E demorei algum tempo a admitir que estava pior do que aquilo que achava
A escrita foi ficando de lado. Quando a energia que se tem é usada somente para a sobrevivência do corpor e da mente, é difícil que uma pessoa consiga usa-la para outra coisa. A medicação tem andado ao meu lado há um ano e qualquer coisa e, fazendo a retrospectiva, admito que existe uma grande diferença do eu actual e do eu de há dois anos, por exemplo. Mas preciso assumir que o ajuste que foi feito recentemente provocou uma mudança mais brusca. Comecei a sentir-me motivada. Comecei a sentir-me bem comigo própria. (Re)comecei a dedicar-me aos meus hobbies. E após várias semanas a reflectir, a vontade de escrever surgiu. Aquele acto de pegar no caderno e na caneta ou, neste caso, ligar o computador e aceder a algo em que não tocava a anos. Aquele acto de simplesmente escrever. "Vomitar" o que vai na nossa cabeça. O exercício de tentar expor o que sentimos e tentar que faça sentido ao outro. É um belo exercício de introspeção e de estimulação mental. E é isso que começo a precisar. Estímulos. Livros. Filmes. Teatro. Museus. Palavras. Interpretações.
Assumo que não sei se isto irá ter algum rumo. Continuo presa à minha mente e às suas necessidades. Mas tenho vontade de me desafiar. Vontade de evoluir. Vontade de viver mais. Vamos lá ver no que isto dá