"A maior parte das mulheres trava guerras em duas frentes: uma em nome de qualquer que seja o tema em discussão e outra simplesmente para terem o direito de falar, de acalentar ideias, para lhes ser reconhecida a capacidade de serem detentoras de factos e verdades, de terem valor, de serem um ser humano"
Rebecca Solnit, As Coisas que os Homens me Explicam
Uma coisa que sempre me custou (e ainda custa) bastante é quebrar os maus hábitos.
Sou preguiçosa, gosto de comer, perco demasiado tempo nas redes sociais, passo os dias a queixar-me do trabalho que tenho e não gosto, deito-me tarde quando tenho que acordar cedo, carrego no snooze todos os dias (e não sei como é que só carrego uma vez). A minha actividade física resume-se à correria que tenho que fazer durante as 8h de trabalho, a minha postura piora a cada dia e começo a queixar-me das costas, encharco-me em açúcar quando chego a casa (e já consumi bem mais do que tenho comido por estes dias) e o meu quarto está mais desarrumado do que sei lá o quê, apesar de o tentar arrumar todos os dias.
Diariamente, deito-me à noite, repetindo interiormente mantras como "Amanhã irei ser diferente", "Amanhã vou tentar começar a quebrar o hábito x", e por aí fora. No entanto, assim que acordo, cheia de sono, a minha mão carrega no snooze antes de o meu cérebro se aperceber do que se passou.
Admiro as pessoas que conseguem alterar os seus hábitos e, consequentemente, mudar as suas vidas. Admiro a sua força de vontade e determinação. E admiro a sua capacidade de não desistir.
Mas, para esta velha caquética que ainda está na casa dos 20, não é fácil ser determinada. A minha força de vontade é fugaz ao ponto de já ter desaparecido quando noto que ela tinha aparecido. E a preguiça é a rainha do meu corpo (e mente!).
Tenho que admitir que já sinto cansada de me sentir assim. De sentir que estou a perder contra mim própria. Porém, é-me igualmente cansativo lutar contra mim mesma. O convencer-me a ser melhor do que tenho sido exige um esforço mental de tal tamanho que fico exausta e enfio-me no meu canto a fazer de conta que não tenho qualquer problema para resolver. A gratificação instantânea é tão apetecível que acabo por compensar a exaustão emocional por um (grande) pedaço de chocolate.
Tenho a noção da necessidade de dar passos pequeninos para conseguir alterar os meus hábitos e mantê-los. Mas ainda não consegui descobrir o quão pequeninos têm de ser os meus passos para que isso aconteça.
Gostava de ser optimista e dizer que irei consegui. Mas vou continuar a ser meia pessimista e dizer que irei continuar a tentar. Posso ser preguiçosa, pouco determinada e sem grande força de vontade, mas continuo a ser teimosa como uma mula
P.S.: A música apenas condiz com o post no que toca ao título, "Bad Habit", mas tem sido uma fiel aliada no combate à inércia natural do meu corpo