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Tu tens a mania

Tu tens a mania

Morning Pages

Conheci este conceito em Maio, mas foi apenas a partir de Julho que o comecei a aplicar diariamente (e admito que tenho falhado alguns dias). Morning pages são aproximadamente 3 páginas A4 (750 palavras), escritas ao acordar, de forma fluída (stream of consciousness). É, no fundo, escrever tudo o que vem à cabeça, sem criticismos,

nem correcções. É um modo de libertar a mente e enfrentar o dia que se avizinha com uma diferente perspectiva. Recomenda-se que se escreva à mão, uma vez que o computador e o telemóvel são ferramentas propícias à distracção. Este conceito foi introduzido por Julia Cameron, no seu livro The Artist's Way.

 

Nos primeiros tempos, apenas escrevia quando tinha cabeça. Não costumo ser funcional de manhã e tive que lutar um bom bocado para tornar isto um hábito. Passei vários dias em que ficava a olhar para as folhas e para a caneta e a sentir que eram objectos estranhos. Eventualmente, lá fui conseguindo convencer-me a escrever, nem que fosse apenas meia página, ou então encher uma página com frases do tipo "Não sei o que escrever" ou "Não me apetece fazer isto". Estamos no final de Setembro e há dias em que consigo escrever duas páginas, mas a tendência é escrever uma página. Escrevo um pouco de tudo: como dormi, como está o tempo, qual é o meu estado de espírito, o que tenho para fazer, o que gostaria de fazer, barulhos que oiço, etc. Tem sido um exercício mental excelente que me ajuda a ter forças e paciência para enfrentar o dia. Tenho tido uma maior claridade daquilo que quero fazer e tenho conseguido entender-me melhor. Juntamente com o meu diário, que escrevo à noite, estas páginas têm-me ajudado a manter um certo nível de sanidade que, muito provavelmente, teria perdido há muito tempo.

 

Tem ajudado, também, a criticar-me menos. Desde sempre que fui a pessoa que mais me criticava e as coisas pioraram consideravelmente desde que entrei na universidade. No entanto, nos últimos dois anos as coisas pioraram ainda mais, ao ponto de muitas vezes acabar por não fazer nada para evitar cometer erros e, consequentemente, as minhas críticas (o que não é muito inteligente, pois critico-me por ter feito ou por não ter feito. A minha mente é traiçoeira). Com as morning pages, consigo exprimir melhor os meus receios e compreender que muitos deles são ridículos. Comecei, também, a ter menos medo de errar e mais vontade de aproveitar a vida.

 

Não sei se conseguirei passar das duas páginas, mas escrever logo pela manhã passou a ser um hábito essencial, tal como o chá.

 

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 (imagem retirada daqui)

 

Links úteis:

Justiça para Manara

E quem é a Manara? É a escrava da família do irmão de Ali Babá. Sim, vou falar de uma personagem de um conto.

 

Passei a minha vida a ouvir falar do conto de Ali Babá e os Quarenta Ladrões, mas nunca me contaram exactamente a história, dando sempre a ideia de que Ali Babá é que seria o herói.

 

Pois, agora que li o conto, tenho a dizer que não estou satisfeita. A história em si é interessante, mas quem derrota os quarenta ladrões é Manara, não Ali Babá. A única coisa de o senhor Babá fez foi seguir os ladrões, encontrar a rocha onde eles escondiam o ouro e rouba-los. Não foi grande coisa, a meu ver. A Manara é que enganou os ladrões com giz, matou-os com azeite a ferver e mata o chefe enquanto dança. Engenhosa! Seria o tipo de pessoa que adoraria conhecer. Ela e a Xerazade. Mas qual é o nome que aparece no título? Pois é, o de Ali Babá. Que ficou vivo e com o dinheiro graças à Manara.

 

Para mim, é tempo de mudar o título do conto para Manara e os Quarenta Ladrões. Não gosto nada da ideia de ler sobre um homem a ficar com os louros do trabalho de uma mulher. Já me basta a vida real.

 

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Livros lidos: The Handmaid's Tale

Antes de mais, tenho que admitir que fui influenciada a comprar e a ler este livro devido à série televisiva. Comprei-o antes de a série começar, mas só o li durante as férias. E não, ainda não vi a série.

 

Foi um daqueles livros que devorei em dois dias e que passei os dias seguintes a pensar nele sem conseguir pegar noutro livro. A história passa-se num futuro distópico, na República de Gilead (ex-EUA). Um grupo fundamentalista cristão - os Filhos de Jacob - organizaram uma revolução e conseguiram suspender a constituição. Com isto, fizeram desaparecer os direitos das mulheres e, como o número de mulheres férteis era reduzido devido à poluição e doenças, criaram um grupo de trabalho (forçado) constituído por todas as mulheres férteis, cujo objectivo é gerar crianças para as famílias de classe privilegiada.

 

Esta história é contada do ponto de vista de Offred, desde o momento que inicia o seu terceiro trabalho, ou seja, desde que ela se muda para a casa da família para a qual ela terá de dar a criança que gerar com o homem da casa, o Comandante. Durante as primeiras páginas, é-nos possível conhecer um pouco do que é ser uma handmaid, os seus direitos e deveres, o que faz no dia-a-dia, proibições e o modo como elas interagem com o mundo. Ao longo do enredo, Offred conta ainda as pequenas memórias que tem do tempo antes da revolução, do marido e da filha que nunca mais viu e não sabe se estão vivos.

 

O livro foi publicado em 1986, altura em que Ronald Reagan declarava que a sociedade necessitava de retomar aos velhos costumes, a sociedade vivia assustada com o vírus VIH e os movimentos cristãos e de direita começavam a ganhar força, em resposta ao movimento Free Love (movimento que aceita todas as formas de amor, defendido pelos hippies). Passados 20 anos, podemos ver que as coisas, no fundo, não mudaram muito.

 

Devido à temática, achava que iria ser um livro agressivo. Porém, Atwood tem um dom de conseguir escrever de forma simples e profunda, sem chocar. Mas acredito que a série seja bem mais agressiva e arrepiante, até porque existe situações que são meramente mencionadas no livro e que numa série existe imenso espaço para as explorar. No entanto, foi um livro que me deixou inquieta devido à forma como as coisas são retratadas e à forma como a mulher é vista no livro. Esta visão, infelizmente, ainda existe na nossa sociedade: que a mulher deve-se tapar, que a mulher só serve para gerar crianças, que a mulher não tem direito a opinião, que se uma mulher é violada foi por culpa dela... Este "movimento" tem piorado nos últimos meses à custa da eleição do Trump e da propagação do movimento alt-right que não sabe interpretar textos e entender ironia (ainda hei-de escrever algo sobre isto porque, para mim, é hilariante).

 

Tenho meramente uma critica a fazer este livro: acaba num valente cliffhanger. Não sei o que acontece a Offred e preciso de saber.  Se alguém viu a série e sabe o que lhe acontece no final, podem dizer-me???

 

"Nolite te bastardes carborundorum. Don't let the bastards grind you down*"

 

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* Lema para a vida, criada como piada nas aulas de latim da infância de Atwood

Anda comigo ver os aviões... e comprar livros

Devo dizer que foi uma ideia genial realizar o Red Bull Air Race num fim-de-semana de Feira do Livro. Assim, consegui colher duas couves de uma só vez (não sou capaz de matar coelhos, mesmo em sentido figurado).

 

Decidi ir no sábado, pois achava que os dois eventos iriam atrair muitas mais pessoas no domingo e queria tentar evitar confusão (que consegui!). Cheguei aos Jardins do Palácio de Cristal pouco depois das 14h, tendo encontrado pouco trânsito e lugar de estacionamento pertíssimo da entrada 

 

Sendo eu uma pessoa de fazer listas, no que toca a livros a procurar em feiras não costuma existir lista. Gosto de ver os livros que existem tranquilamente, comparar preços e apreciar o ambiente em volta (coisa que não conseguiria fazer se andasse atrás de livros específicos). Desta vez, no entanto, tinha um livro em mente: O Conde de Monte Cristo. Já andava à procura deste safado e nunca o encontrei completo e/ou perto. Obviamente, continuei com a minha mentalidade de "não alimentes esperanças" e "vai vendo os livros com calma e aproveita o passeio". E assim foi. Já tinha quatro livros debaixo do braço quando encontrei um alfarrabista que estava a vender vários livros da Planeta de Agostini. Lá perguntei ao senhor se, porventura, teria uma cópia d'O Conde e ele, todo sorridente, disse que sim e deu-me os dois volume para a mão. Quando lhe perguntei o preço, fez cara séria e disse que não queria dizer o preço pois era caro. Fiquei logo toda desiludida e incrédula, pois tinha visto várias cópias do primeiro volume à venda na Internet por um preço baixo. Ao ver a minha reacção, o senhor começa a rir-se e diz-me que custam 15€. Senti-me uma criança a ver o seu brinquedo favorito. Paguei logo e parti feliz à procura de mais livros. Acabei por comprar apenas mais um, o único em primeira-mão, e fui ver os aviões, sempre agarrada ao meu Conde.

 

Chegando a casa, deparei-me com dois problemas: só comprei autores do sexo masculino e não tenho espaço na minha estante para os livros do Alexandre Dumas. Porque raio ele tinha de escrever estórias grande?

 

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P.S.: Não é que eu seja uma pessoa de escrever por aqui muitas vezes, mas estes meses de calor deram cabo da minha cabeça e a escrita ficou de lado. A ver se consigo voltar ao meu estado normal nos próximos tempos *fingers crossed*

 

 

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