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Tu tens a mania

Tu tens a mania

Opções de vida

Eu tenho a sorte de viver numa família com a tendência de apoiar uns aos outros, mesmo que não concorde com as opções de vida das outras pessoas.  Não são todos, mas a grande maioria. Há dois meses tornei-me vegetariana (o termo correto é mesmo ovolactovegetariana, mas o nome é muito grande e, por isso, vamos ficar por vegetariana ao longo deste texto, pode ser??). Sinto-me melhor assim, com mais energia, maior capacidade de concentração e, curiosamente, tenho dormido bem melhor. Podia dizer que o fiz por questões éticas ou por questões de saúde, mas o que me levou a começar a desenvolver uma dieta com menos quantidade de carne e peixe foi mesmo o impacto ambiental existente em redor da manutenção do gado, bem como a pesca abusiva que existe. Da redução da quantidade até a eliminação foi um pequeno salto que dei de forma inconsciente. Durante o mês de Setembro só toquei em peixe 3 vezes e a última vez que toquei em carne foi ainda em Agosto. No final do mês de Outubro é que notei que consegui seguir uma dieta vegetariana durante um mês sem qualquer dificuldade e que me sentia muitíssimo bem com isso e, por isso, decidi continuar.

 

A minha mãe, no início  perguntava sempre se tinha a certeza que estava a tomar a decisão correta, se não achava melhor comer nem que fosse apenas um bocadinho de carne ou de peixe que ela estava a preparar. Agora pergunta-me sempre se quero que ela faça alguma coisa à parte ou se preciso de algum tipo de ajuda. Quase todos os dias "rouba" um pouco da minha comida e, se no início torcia o nariz a produtos como tofu e seitan, agora diz que até nem se importava de comer uma refeição como a minha de vez em quando. O meu pai nem se mete: sabe que sou de ideias fixas. O meu irmão passa a vida a mandar piadas. Mas em nenhum momento me senti desapoiada por eles. 

vegetarianism.jpg

 

Hoje tive um almoço em casa de uns familiares e admito que tinha algum receio do que poderia acontecer. Mas as coisas correram lindamente. Cozinharam um prato à parte para mim, sempre a oferecerem-se para fazer algo mais, caso eu quisesse (enquanto eu estava, do outro lado, sempre a dizer que não era preciso fazerem mais nada e a perguntar se eu podia ajudar em alguma coisa), a trocarmos ideias, opiniões e receitas. Ouvi alguns membros da família a dizerem que até nem se importavam de não comer carne ou peixe de vez em quando. Ouvi algumas bocas (a minha preferida foi, sem dúvida: "Isso passa-te"), mas sempre em tom ligeiro. Terminado o almoço, posso dizer que me sinto bem melhor com a decisão que tomei. O que mais assusta é começar, no entanto, desde os meus 16 anos que queria ser vegetariana. Só no ano passado (ao completar 24 anos) é que comecei dar os primeiros passos.

 

Conheço muita gente que tomou esta decisão de um dia para o outro e não a conseguiram levar em avante durante muito tempo. Tal como o desporto ou outras alterações de hábitos, é algo que deve ser levado com calma e força de vontade. E descobri que tenho muita força de vontade, coisa que vivia escondida em mim há demasiado tempo.

vegetarian-zombies.gif

 

Histórias eróticas

Não tenho o hábito de ler histórias eróticas. O maior motivo é que a grande maioria de livros eróticos são muito semelhantes uns aos outros e nasceram todos de Cinquenta Sombras de Grey. Já peguei em vário, li a descrição destes e as histórias são praticamente sempre as mesma: uma mulher inexperiente, ou lá perto, que encontra um homem que as ensina o que é sexo. Ou então, são aquelas histórias esquisitas, com capas muito floreadas que ninguém se atreve a pegar com orgulho, mas que continuam a vender (estou a falar daqueles livros pequenos que parece que todas as tabacarias os têm amontoados num canto).

Eu torturei-me ao longo dos três livros de E. L. James, pois achava que para odiar algo, teria que o conhecer bem. Continuo a achar que preciso de fazer uma lavagem cerebral à custa das más cenas de sexo por lá descritas. A única coisa que li do mais recente livro dela (Grey, acho eu), foi o que foi documentado por Scott Bryan, escritor do Buzzfeed, e o que alguns meninos do canal Facts. leram num vídeo.

Hoje, pelo meu adorado feed do Twitter, no meio de notícias sobre Trump, apareceu-me o link para um artigo do Buzzfeed sobre as piores cenas sexuais escritas em livros lançados este ano. São, no total, 13 excertos que me deixaram com cara de nojo e com a cabeça a pensar "como é que esta gente me escreve isto?". Vou apenas falar numa, a primeira da lista, pois essa deixou-me bastante atordoada.

 

“Anne,” he says, stopping and looking down at me. I am pinned like wet washing with his peg. “Till now, I thought the sweetest sound I could ever hear was cows chewing grass. But this is better.” He sways and we listen to the soft suck at the exact place we meet. Then I move and put all thoughts of livestock out of his head.

The Butcher’s Hook by Janet Ellis

 

Para colocar isto de forma simplificada, no meio do acto, o jovem vira-se para a jovem e diz-lhe, muito romanticamente, que até aquele momento, achava que o som mais doce que alguma vez tinha ouvido era o som das vacas a comerem erva. Eu não sei quais têm sido as experiências sexuais de Janet Ellis, nem o que ela considera dirty talk, ou se alguma vez ouviu uma vaca a comer erva, mas se fosse eu a ouvir isto, qualquer apetite que eu tivesse teria desaparecido imediatamente. Sou só eu????

É preciso mais miúdos assim (ou talvez não)

Não vou estar para aqui a escrever a explicar a origem deste post. Na realidade é apenas um vídeo que encontrei pelo Facebook e que me fez ir às lágrimas de tanto rir. Porque, sejamos sinceros, precisamos imenso de rir, decidi partilhar este vídeo por aqui. E, como disse no título, é preciso mais miúdos com esta coragem. Ou talvez não, depende do ponto de vista de cada um.

 

9 de novembro

Faz hoje 27 anos que caiu o muro de Berlim. Um muro que dividia uma cidade e uma nação de acordo com ideologias políticas. Um muro que dividia um país entre a Europa e a união Soviética. Um muro que levou Ronald Reagan a desafiar Gorbachev para "tear down this wall!". Um muro cuja queda foi o início do fim de uma Guerra Fria.

Há 27 anos os alemães da zona oriental tiveram a possibilidade de escalar o muro e entar na parte ocidental e sair do controlo soviético. Há 27 anos este muro começou a cair e, no entanto, hoje os EUA deram o primeiro passo na construção de um novo muro. Não será apenas um muro entre EUA e o México. Será um muro entre brancos e pretos. Um muro entre estadunienses e latinos. Um muro entre heterossexuais e a comunidade LGBT. Um muro entre o sexo masculino e o sexo feminino. Será um muro entre o típico homem branco e toda a comunidade em seu redor.

Há 27 anos, a Guerra Fria terminou e, no entanto, os EUA têm um novo presidente, apoiado por Putin e o restante governo russo. Terá sido criado mais um muro? Um muro entre Rússia/EUA e o resto do mundo?

 

Os tempos estão a mudar, mas quero manter a esperança criada com a queda do muro de Berlim e a acreditar que as coisas vão acabar bem.

 

Gatos

Tenho três gatas: a mãe e as duas crias de 7 meses. A mãe é calma, já sem paciência para o mundo. Só deseja comer e dormir e nós temos satisfeito a sua vontade. É aquela companhia que podemos não falar todos os dias, mas sabemos que ela estará sempre lá à nossa espera (desde que não a chateemos muito).

As duas crias são completamente opostas uma da outra. Uma é traquina, sempre pronta a dar cabo de tudo que mexa ou que se assemelhe a um cordel. É a primeira a miar quando lhe falta comida e também é a primeira a saltar para a banca da cozinha quando lhe cheira a carne ou a peixe. É também ela quem mais se diverte a deixar animais mortos em frente a porta da cozinha.

A outra não. A outra é calma, sempre disposta a dormir ou a atirar-se para o chão à espera de mimo. Sempre que vê pés vai se enroscar neles. Enfia-se no meio das nossas pernas quando estamos a caminhar e arrasta o bebedouro sempre que não tem água.

Recentemente, começámos a deixa-las explorar a casa, em vez de só andarem pela cozinha e pela sala. Consequentemente, descobriram o meu quarto, a varanda e o telhado. A primeira senta-se em frente a porta da varanda, a miar até que lhe abram a porta para ela poder ir para o telhado. A segunda enfia-se debaixo da minha secretária e dorme. Ela quer lá saber de telhados e só vai para a varanda quando eu lá estou. Como hoje. Decidi levar a minha tralha para a varanda e trabalhar enquanto houvesse sol a aquecer-me. Obviamente, a peste lá foi para o telhado explorar e atormentar o cão do meu avô. A molenga enfiou-se aos meus pés até que o sol deixou de lhe aquecer. Abandonou-me e eu, na maior das inocências, achei que ela tivesse ido para junto da minha mãe. Quando o sol se foi e o frio apertou, voltei para a minha secretária, encontrando um certo ser deitado, à espera dos meus pés para a aquecer.

Sempre gostei de animais mas, sem dúvida, não consigo viver sem gatos. Muito menos sem esta pérola amante de pés.

DSC09753.JPG

 A foto não é de hoje, pois já estava escuro quando a encontrei e não me apeteceu andar a mexer no candeeiro para lhe tirar uma foto.

Sete minutos depois da meia-noite

Tive conhecimento deste livro há muito tempo, provavelmente desde que foi lançado, em 2011. No entanto, apesar da curiosidade, nunca fui capaz de o ler. A história fazia-me lembrar demasiado a história de Finding Neverland, um dos meus filmes preferidos que me faz chorar e correr abraçar a minha mãe.

 

Quando vi o trailer do filme, para além de ter chorado (algo único em trailers), tive a certeza que iria ver o filme, independentemente dos litros que lágrimas que iria produzir. Ontem fui assistir à sua antestreia com a minha mãe, o que acabou por ter sido a melhor decisão que tomei. Como já esperava, passei grande parte do filme a chorar. O que não esperava é que por entre os meus soluços, ouvia sempre mais alguém a soluçar ou a fungar. Portanto, não fui caso único. No final do filme, não vi uma única pessoa sem os olhos ou vermelhos, ou brilhantes das lágrimas (e sim, incluem homens!). Saí da sala do cinema agarrada à minha mãe e a tecer pragas mentais a Patrick Ness.

 

A história centra-se em Connor O'Malley, "um menino velho demais para ser criança, mas novo demais para ser um adulto", que tem que lidar com a doença terminal da mãe. Aterrorizado diariamente com o mesmo pesadelo, uma noite ouve o seu nome a ser chamado pelo monstro (uma forma de o caracterizar é dizendo que parece ser a versão maléfica de Groot). Todos os dias, às 00:07, o monstro aparece, contanto três histórias e exigindo que Connor conte uma quarta: o seu pesadelo. Ao longo do filme, é possível ver o desenrolar da vida de Connor e de que forma estas histórias a influenciam.

 

O livro (e consequentemente o filmes), partiu de uma ideia de Siobhan Dowd, enquanto esta lutava contra a sua própria doença terminal. Após a sua morte, esta ideia foi apresentada a Patrick Ness, que a desenvolveu de uma forma magnífica. A minha mãe já disse que quer ler o livro. Eu ainda não tenho coragem suficiente para o fazer.

 

Apesar das lágrimas e da sensação de vazio no peito que provocou, este filme entrou na lista de filmes preferidos, bem ao lado de Finding Neverland. A quem quiser ver, força nisso! Levem é lenços, vão precisar.

 

 

Já agora, a música utilizada no trailer é Lower Your Eyelids to Die With the Sun dos M83.

Novembro

E já estamos em Novembro. A cada dia que passa, o tempo parece-me passar mais rapidamente. Ia jurar que foi ontem que comecei a universidade e já estou a dar os últimos passos desta vida de estudante. Há um ano atrás, sentia-me encurralada num estágio esgotante e nada proveitoso e agora sinto-me livre para fazer o que eu quero do meu futuro. 

 

Este mês começa quente, e sei que muitas pessoas estão felizes com isso. Eu, pelo contrário, sinto-me farta. Farta do nariz sempre seco e incomodativo por causa do tempo seco, farta do calor anormal para a época do ano (sim, eu sei, é o verão de S. Martinho, mas convenhamos! Normalmente só acontece na semana em torno do dia de S.Martinho, não no mês anterior a este). Houve chuva na semana passada mas, para mim, parece que foi há uns valentes meses. Sinto, pela primeira vez, a mudança da hora a afectar-me. Sinto-me exausta e isto de já ser noite quase desde as 17 horas deixou-me de muito mau humor (o que nunca me aconteceu). Sei que tenho imensas coisas para fazer amontoadas na minha secretária e, no entanto, encontro-me a olhar para o céu e a pensar na morte da bezerra. É das coisas que mais gosto no Outono: a capacidade extra de simplesmente parar e observar a vida que me rodeia. As pessoas a virem dos seus passeios, as pegas a voarem sem (julgo eu) destino certo, as minhas gatas a aproveitarem o calor absorvido pelas telhas, as folhas das árvores a mexerem-se em sintonia com o pouco vento que se sente.Esteve um dia abafado que nem parece digno do mês de Novembro. No entanto aqui estamos, no penúltimo mês de 2016 que eu não sei explicar porque é que sinto que o deixei fugir por entre as mãos.

 

Novembro, sê gentil. Sempre gostei muito de ti.

 

 

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