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Tu tens a mania

Tu tens a mania

Um novo respirar

Sinto-me incrédula. Ainda não acredito que neste momento me encontro a escrever e não a preparar-me para sair e ir trabalhar. É um misto de sensações que não consigo explicar bem. Por um lado, um entusiasmo pelos dias que irei ter de descanso e de fuga à realidade. Por outro, uma ansiedade e receio que tudo não passe de uma miragem. Mas, na sua maioria, sinto uma esperança pelo descanso e claridade mental que irei adquirir nestes dias

Se há uns anos atrás me dissessem que eu iria passar por uma pandemia e por um burnout, eu diria que estavam a imaginar disparates. Porém, agora, percebo que, tendo em conta a pandemia, era inevitável sofrer de burnout. Durante este ano e tal, senti-me tão ou mais presa do que na relação tóxica que tive. Senti-me com medo, revoltada, frustrada, sem esperança. Senti que o mundo parou e, com ele, a minha vida. Via as pessoas a conseguirem criar novas rotinas e a desenvolverem novas aptidões. E eu sentia-me a cair num redemoinho de pensamentos negativos. O que nunca pensei, e só lá cheguei nestes últimos meses, é que entrei em modo sobrevivência. Literalmente, eu sobrevivi este ano pandémico. A grande maioria da população apenas sobreviveu. Acordávamos, íamos trabalhar e regressávamos a casa para realizarmos as tarefas básicas de sobrevivência. E acho que não temos dado valor suficiente a este facto. Nós não somos máquinas e não temos de ser produtivos as 24 horas que o dia nos oferece. E, quando temos a nossa segurança física a ser ameaçada, é normal entrarmos neste ciclo de "luta ou fuga". Se, pelo meio, conseguiste aprender uma língua nova ou se descobriste que tens jeito para a cozinha, bravo! Mas é preciso entender que nem todos o conseguiram e está tudo bem com isso. Cada um tem o seu ritmo e a sua capacidade de resiliência e adaptabilidade. Se calhar, se eu tivesse tido a oportunidade de trabalhar em casa, também teria conseguido aprender coisas novas, pois não me sentiria em perigo todos os dias

Eu acho que esta nossa sociedade está, infelizmente, demasiado virada para o trabalho e para esta noção palerma que temos de ser sempre produtivos. Mas não é possível ser-se assim tão produtivo sem consequências físicas e mentais. E é por isso que, durante estas férias, quero focar-me em não ser produtiva. Quero dedicar-me ao dolce far niente. E quero conseguir ter uma relação íntima com a arte de fazer nada ao ponto de a apreciar e aplicar quando regressar ao trabalho e tentarem exigir mil e uma coisas de mim

Mas, agora, estou de férias. E, por isso, toca a desligar o cérebro. É o momento de iniciar o reset

Countdown

Daqui a vinte e quatro horas estarei de férias. Daqui a vinte e quatro horas poderei desligar o despertador e acordar naturalmente, sem pensar que irei chegar atrasada ao trabalho. Daqui a vinte e quatro horas, deixarei de adormecer a pensar se me esqueci de fazer alguma coisa. Daqui a vinte e quatro horas, irei poder respirar fundo e focar só em mim e no que quero na minha vida

Desde que a pandemia, eu, tal como toda a gente, senti que a minha vida entrou em pausa. A vida passou a ser casa-trabalho-casa e mesmo com os desconfinamentos, o medo andava de mãos dadas comigo e pouco me atrevi a experimentar coisas novas ou a tentar readquirir os hábitos antigos em prol da sanidade mental. E creio que entrei em burnout exactamente por causa disso: o ritmo de trabalho aumentou, mas eu não tinha acesso àquilo que me permitia manter sã mentalmente

Fui me fechando dentro desta bolha de receios até chegar ao ponto de começar a rebentar. Felizmente, tenho estado a ser acompanhada por uma psicóloga que detectou esta bolha antes de ficar completamente cheia e temos focado as sessões destes últimos meses em mandar a exaustão dar uma volta sem que tenhamos de recorrer à baixa médica e a medicação. Não sei se é por estupidez ou alguma vontade de provar a mim mesma que consigo ser mais forte ou por achar mesmo que consigo superar esta situação, mas fui sempre recusando a medicação. Porém, não a poderei recusar para sempre e tenho a noção que se continuar no emprego que estou, no próximo ano terei de recorrer aos medicamentos. E isso acaba por me assustar. Porque, apesar de ter a noção que entrei nesta bola de neve por causa da pandemia, esta apenas foi o rastilho. Os explosivos já lá se encontravam prontos a explodir. E isto deve-se ao ambiente tóxico do meu local de trabalho

Acredito que existam locais piores. Mas não acredito que isso sirva para desculpar a empresa. Lá por os outros estarem piores, não quer dizer que tenhamos de nos sujeitar a pressões, faltas de respeito e manipulação. E é isto que sinto. Sinto que o meu trabalho é regularmente desrespeitado pela entidade patronal que decide tomar decisões sobre o meu sector e não se digna a consultar-me nem a informar-me (sei das coisas sempre por terceiros e é porque eles achavam que eu já sabia). Vêm falar comigo em tom de confidência e falam mal da minha equipa e esperam que eu tenha mão neles e, no entanto, não existe qualquer procedimento quando alguém decide recusar-se a fazer um trabalho só porque lhes apetece ou se passam o dia inteiro ao telemóvel. Fazem asneira, obrigam-te a remediar as coisas e depois eles é que são os maiores. E por aí fora. E depois ainda vêm com a lenga-lenga que nas outras fábricas também é assim. Mas como é que alguém pensa em melhorar a qualidade do trabalho e do produto oferecido se continuamos a pensar que se as outras empresas também trabalham assim, então não estamos num mau caminho? É uma empresa cheia de vícios que tenta destruir-te lentamente

E começo a sentir isso. Começo a sentir que estou a ser despedaçada aos poucos. O desgaste mental é tanto que quando chego a casa só me apetece ficar a olhar para a parede e/ou ouvir música. Felizmente, tenho um grupo de suporte extraordinário que tem feito questão de não me deixar atirar para o tapete e me tem incentivado a levantar todos os dias e enfrentar o circo de feras. Se não fossem elas, acredito piamente que estaria de baixa médica e medicada há vários meses. Os dias tornaram-se mais fáceis com as saídas repentinas para um carioca de limão ou as chamadas até a hora de jantar. E graças a elas, chego ao último dia antes de férias minimamente sã. Com um sorriso nos lábios e uma calma ansiedade. Só tenho que enfrentar mais oito horas de trabalho e depois serão umas semaninhas de descanso e reflexão. Preciso mesmo de desligar o cérebro do trabalho e focar no que sinto e no que quero. Há muito que não consigo fazer estas reflexões e sinto-me realmente entusiasmada por finalmente poder dedicar-me a isso sem que a minha cabeça comece a pensar em tudo o que ainda tenho que ir fazer antes de ir dormir

Só são mais oitos horas. Depois, irei fazer uma rave no meu quarto até o sono abater-se sobre mim, desligar o despertador e adormecer com um sorriso nos lábios

Countdown

Daqui a vinte e quatro horas estarei de férias. Daqui a vinte e quatro horas poderei desactivar o despertador e acordar naturalmente sem pensar que irei chegar atrasada ao trabalho. Daqui a vinte e quatro horas, deixarei de adormecer a pensar se me esqueci de fazer alguma coisa. Daqui a vinte e quatro horas, irei poder respirar fundo e focar só em mim e no que quero na minha vida
Desde que a pandemia, eu, tal como toda a gente, senti que a minha vida entrou em pausa. A vida passou a ser casa-trabalho-casa e mesmo com os desconfinamentos, o medo andava de mãos dadas comigo e pouco me atrevi a experimentar coisas novas ou a tentar readquirir os hábitos antigos em prol da sanidade mental. E eu creio que entrei em burnout exactamente por causa disso: o ritmo de trabalho aumentou, mas eu não tinha acesso àquilo que me permitia manter sã mentalmente. Fui me fechando dentro desta bolha de receios até chegar ao ponto de começar a rebentar. Felizmente, tenho estado a ser acompanhada por uma psicóloga que detectou esta bolha antes de ficar completamente cheia e temos focados as sessões destes últimos meses em mandar a exaustão dar uma volta sem que tenhamos de recorrer à baixa médica e a medicação. Não sei se é por estupidez ou alguma vontade de provar a mim mesma que consigo ser mais forte, mas fui sempre recusando a medicação. Porém, não a poderei recusar para sempre e tenho a noção que se continuar no emprego que estou, no próximo ano terei de recorrer aos medicamentos. E isso acaba por me assustar. Porque, apesar de ter a noção que entrei nesta bola de neve por causa da pandemia, esta apenas foi o rastilho. Os explosivos já lá se encontravam prontos a explodir. E isto deve-se ao ambiente tóxico do meu local de trabalho. Acredito que existam locais piores. Mas não acredito que isso sirva para desculpa a empresa. Lá por os outros estarem piores, não quer dizer que tenhamos de nos sujeitar a pressões, faltas de respeito e manipulação. E é isto que sinto. Sinto que o meu trabalho é regularmente desrespeitado pela entidade patronal que decide tomar decisões sobre o meu sector e não se digna a consultar-me nem a informar-me (sei das coisas sempre por terceiros e é porque eles achavam que eu já sabia). Vêm falar comigo em tom de confidência e falam mal da minha equipa e esperam que eu tenha mão neles e, no entanto, não existe qualquer procedimento quando alguém decide recusar-se a fazer um trabalho só porque lhes apetece ou se passam o dia inteiro ao telemóvel. Fazem merda, obrigam-te a remediar a coisa e depois nada se passa. E por aí fora. E depois ainda vêm com a lenga-lenga que nas outras fábricas também é assim. Mas como é que alguém pensa em melhorar a qualidade do trabalho e do produto oferecido se continuamos a pensar que se as outras empresas também trabalham assim, então não estamos num mau caminho? É uma empresa cheia de vícios que tenta destruir-te lentamente. E começo a sentir isso. Começo a sentir que estou a ser despedaçada aos poucos. O desgaste mental é tanto que quando chego a casa só me apetece ficar a olhar para a parede e ouvir música. Felizmente, tenho um grupo de suporte extraordinário que tem feito questão de não me deixar cair no tapete e me tem incentivado a levantar todos os dias e enfrentar o circo de feras. Se não fossem elas, acredito piamente que estaria de baixa médica e medicada. Os dias tornaram-se mais fáceis com as saídas repentinas para um passeio ou as chamadas até a hora de jantar. E graças a elas, chego ao último dia antes de férias minimamente sã. Com um sorriso nos lábios e uma calma ansiedade. Só tenho que enfrentar mais oito horas de trabalho e depois serão umas semaninhas de descanso e reflexão. Preciso de desligar o cérebro do trabalho e focar no que sinto e no que quero. Há muito que não consigo fazer estas reflexões e sinto-me realmente entusiasmada por finalmente poder dedicar-me a isso sem que a minha cabeça comece a pensar em tudo o que ainda tenho que ir fazer antes de ir dormir
Só são mais oitos horas. Depois, irei fazer uma rave no meu quarto até o sono abater-se sobre mim e desligar o despertador

O Perigo da Neutralidade

Eu sei que muitas pessoas gostam de se manter neutras em determinadas situações/assuntos. Eu própria, principalmente no que toca ao trabalho, gosto de me manter de parte e não dar a minha opinião, muito por causa da incapacidade das pessoas de ouvirem opinião diferentes. Mas há situações em que ser neutro é colocar-se do lado do culpado

 

Ao não subscrever à declaração de 13 Estados-membros, e alegando o "dever de neutralidade", o governo português acaba por passar a mensagem de que não importa com os direitos humanos. Para muitos, o que a Hungria fez não é nada de especial. No entanto, quando se proíbe a "representação e promoção de uma identidade de género diferente do sexo à nascença, da mudança de sexo e da homossexualidade" a menores de 18 anos, cria-se um estigma e uma intolerância junto dos jovens. Eles deixam de ter exemplos que mostrem que eles são normais. Deixam de conseguir dar um significado ao que sentem. Perdem a oportunidade de conhecer outras realidades e desenvolverem empatia pelo outro. Começam a desenvolver preconceitos. E assim se forma uma sociedade intolerante e sem capacidade empática. E isto será só a ponta do iceberg. Mas a Hungria não está sozinha. Existe também a Polônia e as suas "zonas livres de LGBT". E a intolerante Bielorrússia. E a Europa permanece quieta

 

O governo português assim quis manter-se "neutro" perante uma situação que colocará em risco (numa fase inicial, apenas) a vida dos jovens húngaros. Porque continua-se a achar que não é nada demais. E o mais ultrajante é que há uns dias atrás, o nosso querido primeiro-ministro publicou uma foto nas redes sociais onde hasteava a bandeira arco-íris e a dizer que não há lugar para o ódio e a discriminação em Portugal. Mas em que ficamos? Que mensagem achas que estás a passar aos portugueses quando dizes que temos o dever de sermos neutros quando os direitos LGBTQIA+ estão a ser atacados nos outros países? Diariamente, oiço comentários homofóbicos (nem sempre dirigidos a mim) e as pessoas acham que é a coisa mais natural do mundo. E o governo português, em vez que serem um exemplo para a sociedade portuguesa, decide olhar para o lado e assobiar. Não se pode ser-se neutro no que toca a direitos humanos. Ou estás do nosso lado ou estás contra nós!

 

"Devemos sempre tomar partido! A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o atormentador, nunca o atormentado. Às vezes devemos interferir. Quando vidas humanas estão ameaçadas, quando a dignidade humana corre risco, as fronteiras nacionais e as sensibilidades tornam-se irrelevantes" - Elie Wiesel (retirado da página da Dezanove)

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Hoje e sempre me vestirei de arco-íris

 

P.S.: Afinal, Portugal irá assinar a declaração, no dia 1 Julho, após terminar o mandado no Conselho Europeu. Menos mal

Where is my mind?

Há quase um ano que não venho aqui. Há quase um ano que comecei a fechar-me dentro de mim. Comecei a aparentar que estou bem quando o meu interior começava a revoltar-se

 

Felizmente, estou a ser acompanhada. E esse acompanhamento é que me tem ajudado a enfrentar os dias e a aumentar a necessidade de encontrar algo que dê significado. Não creio que isto seja esse algo que tanto procuro e anseio. Mas começo a acreditar que seja um bom sítio por onde (re)começar. Nem que seja apenas para ter um sítio diferente onde, de certa forma, desabafe e comece a expressar o que vai dentro de mim e que tanto tenho guardado

 

Acho que nos ensinam demasiado a manter as coisas dentro de nós. A não partilhar o que sentimos, a não ser que sejam coisas boas. A felicidade tem de ser partilhada, mas a tristeza e as dificuldades ficam só para nós. Ninguém quer ouvir as infelicidades dos outros. Para problemas, bastam os nossos. E, no entanto, não se importam de ouvir aquelas pessoas que gostam de contar os problemas todos (quando mesmo a grande maioria são coisas de nada) e de encarnar o papel de coitadinho. Os outros que aguentem. Afinal, não têm motivos para reclamarem

 

Estamos demasiado habituados a envergar o sorriso fácil e dizer que está tudo bem, mesmo quando nos sentimos a morrer por dentro. Vamos perdendo a vontade de apreciar o que de bom a vida tem. Começamos a sentir inferiores aos outros e a criar a ilusão de que se tivéssemos o objecto x ou o corpo y, a nossa vida correria melhor. Começamos a viver de ilusões. Ou de nada

 

Estou cansada de fingir que está tudo bem. Estou farta de fazer de conta que consigo aguentar com os problemas e que a vida é fácil. Fingir um sorriso tornou-se uma tortura. Sinto-me exausta. Tenho dores constantes pelo corpo. Dói-me a cabeça. Não tenho paciência e qualquer coisa faz-me perder as estribeiras. Não consigo focar-me em algo. Não consigo aproveitar a sensação boa de ouvir a chuva a cair ou dos raios de sol a aquecer a pele. Não consigo respirar. Estou exausta. Sê bem-vindo, burnout

A magia das pequenas coisas

Temos sempre a tendência de ver o lado negativo. Pensamos sempre que estaríamos melhor se determinada coisa acontecesse, se ganhássemos determinado valor, se conhecêssemos determinada pessoa ou se vivêssemos em determinado sítio. Bem sei que também sou culpada. Vezes e vezes sem conta penso que teria uma vida melhor se tivesse feito um percurso diferente ou se tivesse reagido de outra forma. Muitas vezes, tenho até receio de agir por medo de me arrepender e de me encaminhar para algo pior. Mas não é de medo ou receio que quero falar. Quero falar naquelas pequenas coisas que nos acontecem e que têm a capacidade de tornar o nosso dia melhor, no entanto temos a tendência de as ignorar.

 

No meu caso, e falo do que me acabou de acontecer, irei focar-me na carga de boas energias que me invadiram. Quando cheguei ao meu posto de trabalho, encontrei uma borboleta aflita, constantemente a bater no vidro, a tentar seguir a luz e a não conseguir. Nem pensei muito na situação. Despejei o conteúdo que tinha num copo metálico, peguei numa folha e tentei apanha-la. Até foi fácil de a apanhar e consegui libertá-la no jardim. Não estava à espera da quantidade de felicidade que me invadiu quando a vi a voar, como que a festejar a sua nova liberdade. Foi como que se algo desaparecesse de cima de mim e comecei a sentir-me mais leve. É esta a energia que quero conseguir manter ao longo do dia. E é esta a mentalidade que preciso de treinar: ver a magia que as pequenas coisas têm.

 

No mundo actual, torna-se difícil. Estamos sempre a ser bombardeados por desgraças que acontecem aos outros e fotos de pessoas que têm uma vida bem melhor que a nossa. Mas é preciso que nos foquemos na nossa vida e nas maravilhas que ela nos dá. Não digo que não podemos sentir-nos inspirados pelos outros. Apenas digo que não deveríamos sentir mal porque alguém tem (aparentemente) uma vida melhor que a nossa. Quase ninguém publicita o que de mal vai na vida deles, portanto, aquela vida idílica que nos exibem bem pode ser falsa.

 

A felicidade vem do nosso interior. E não creio que seja fácil de encontrar. Acredito que seja uma luta diária. Acredito que haja dias mais fáceis e outros bem mais difíceis. Acredito que o stress seja um enorme monstro que temos de vencer durante este percurso (e eu bem me sinto stressada nestes últimos dias antes de férias). Mas decidi que não vou pensar muito nisso. Não vou pensar no que ainda é preciso fazer antes das férias. Não vou pensar no quão não gosto do trabalho que tenho, nem nas péssimas propostas de trabalho que existem por aqui. Não vou pensar que poderia ser mais feliz se vivesse naquele sítio ou se visitasse aquele outro sítio. Não vou pensar que a minha vida seria melhor se conhecesse aquela pessoa. E, acima de tudo, não vou pensar em todos os ses que me assolam quando penso no trajecto que tive. Vou esforçar-me para focar no lado bom da vida. Vou focar-me na sensação que a borboleta sente quando voa por aí fora

 

original.jpgFonte: https://weheartit.com/entry/337970353

 

Am I back?

Terça-feira. A caminho do fim do mês. O dia acordou fresco, mas já me mentalizo para o calor que irei sentir no início da tarde. A semana passada foi um pequeno inferno devido ao calor que cheguei ao ponto de nem conseguir pensar. Pela primeira vez desde algumas semanas consegui inscrever-me na aula de Pilates através do procedimento normal, em vez de ter de ligar para o ginásio. Tenho conseguido ler a um bom ritmo, ao contrário do que se passou nos últimos meses. E a vontade de escrever voltou a aparecer, ao final de largos meses (e não sei se isto durará muito tempo)

Esta situação do covid-19 afectou-me um bom bocado, apesar de aparentar que não. O uso de máscara não me incomoda a não ser quando está mais calor. O uso de gel desinfectante fez-me aperceber da importância de desinfectar as mãos quando vou às compras e ao longo do dia de trabalho. E o distanciamento social tem sido um sonho, apesar de estar carente de abraços. No entanto, agora que já andamos nisto há 4 meses, começo a detectar um cansaço e frustração que não me lembro de alguma vez sentir. Uma vez que as férias se aproximam, começo a questionar-me da segurança que poderei ter ao longo desses dias e os riscos que correrei. Ver os casos nos outros países a aumentar ainda em Julho também me assusta, pois sempre pensei que a segunda vaga viria na altura do Outono e parece-me que ainda chegará no verão. Assusta-me a forma leviana que as pessoas lidam com isto e questiono-me se também não estarei a agir de forma irresponsável, tendo já férias marcadas para o sul do país. Toda esta situação é assustadora e digna de um filme de suspense/terror. Sinto um cansaço mental que não sei como hei-de livrar-me dele e acho que as férias não irão ser suficientes

Tenho medo do que aí virá, mas não consigo ficar chateada com aqueles que começam a quebrar as regras de higiene. Estamos todos cansados

Lado positivo da baixa médica

Há muito que suspeitava que o stress que eu ia acumulando sobre os meus ombros iria dar cabo de mim. Felizmente, e ao contrário do que eu andava a suspeitar, a coisa veio na forma de uma valente gripe que me tem deixado KO desde a semana passada. Já melhorei um pouco, mas ainda não me sinto pronta para enfrentar o quotidiano do meu trabalho. Por isso, tenho permanecido em casa, com dois pares de meias, pantufas, calças de fato de treino e não sei quantas camisolas (tenho muito frio, tá bom?)

 

No entanto, depois de uma semana enfiada na cama com uma botijinha de água quente e muitos lenços de papel, estes últimos três dias têm sido dedicados a arrumações. Nada de muito trabalhoso e cansativo. Limpei o meu telemóvel e fiz uma reposição das definições de fábrica (tinha a certeza que isso iria resolver a lentidão e acertei :D), eliminei documentos desnecessários no meu computador, organizei as facturas e organizei os meus emails. Os meus níveis de produtividade estão, sem dúvida, acima da média e sinto-me satisfeita com isso. Ainda queria organizar as fotos no meu computador, mas ainda não arranjei coragem suficiente para isso (só são 45 GB para arrumar). Entretanto, decidi pegar no material que me foi oferecido no decorrer de uma formação na empresa e que ainda não tinha lido (meio ano à espera não é muito tempo, pois não?), de forma a aprender qualquer coisinha enquanto estou embrulhada na manta

 

Não costumo apreciar ficar doente, mas tenho que admitir que, desta vez, estar doente está a saber-me bem

 

2019-12-16 04.04.21 1.jpg

 

 

 

Já posso cantar músicas de Natal?

Normalmente, só me permito começar a cantarolar e a decorar para o Natal exactamente um mês antes. Um mês em ambiente festivo é a dose certa. No entanto, neste ano, creio que o começo da dose diária de natalismo (isto existe?) terá de começar mais cedo. Com todos os problemas que me aparecem devido ao trabalho, preciso de reforçar o espírito positivo e de bondade e acredito piamente que abrir os braços e peito aos sinos e aos tons de vermelho com luzes as piscar é um excelente método de ignorar o que se passa

 

Até porque eu já vejo as lojas decoradas e já andam a distribuir bolo-rei na minha empresa. Portanto, creio que está na altura de cantarolar "All I Want for Christmas" enquanto trabalho 

 

 

Balanço de dois meses de problemas

Anteriormente, já tinha dito por aqui que andava com alguns problemas de saúde e com algumas reacções à medicação receitada para esses problemas (aqui e aqui). Recentemente, consegui falar com o médico e consegui convence-lo a suspender-me a medicação. O mais engraçado é que ainda tenho que a tomar, pois não a posso deixar de tomar de um dia para o outro. Tem sido uma experiência "fantástica", quer física, quer mentalmente. Nos dias em que tomo a medicação, honestamente, só me apetece permanecer na cama e chorar o dia inteiro, o que me faz questionar a origem da minha capacidade de aguentar um dia de trabalho neste estado

 

Infelizmente, no que toca ao trabalho, as coisas não têm melhorado. Achava que a medicação andava a interferir com o meu desempenho, mas começo a ponderar que existe algo mais a interferir. Tenho tido imensas dificuldades em gerir as emoções no local de trabalho, bem como gerir o enorme fluxo de trabalho que as pessoas depositam em cima de mim. Já perdi a esperança de negociar com a entidade patronal, pois já tentei várias vezes e as coisas só pioraram. Se até há pouco tempo dizia que só sairia da empresa quando encontrasse outro emprego, agora pondero entregar a carta de despedimento sem qualquer alternativa de trabalho. Agora é esperar pelo o que apareça primeiro: o desespero ou a coragem

 

A procura por novo emprego também não está fácil. Não sei se me tornei incrivelmente pessimista, mas os pedidos de trabalho que me têm aparecido à frente parecem todos iguais, onde exigem muito da pessoa, mas querem pagar pouco. Ainda não encontrei algo que me fizesse dizer "É mesmo isto!" e não acredito que o vá encontrar tão cedo. Ando um pouco negativa e, por isso, tenho atraído negatividade. Daí achar que, se estivesse desempregada, a minha mentalidade seria outra. A cada dia que passa, mais me convenço que esse é o passo certo: entregar a carta, dar os 30 dias à casa, tirar uma ou duas semanas para descansar, alinhar os pensamentos e reunir energias e atacar o mercado de trabalho com a cabeça limpa e determinada. Mas o meu lado ansioso ainda tem conseguido falar mais alto

 

Porém, não tenho desanimado. Tenho conseguido enviar currículos todas as semanas, tenho feito um esforço diário de dar o meu melhor no trabalho, mesmo que isso signifique fazer o mínimo possível (há dias que tem de ser). Tenho-me obrigado a comer o melhor que consigo (voltei às papas de aveia ao pequeno-almoço) e a enfiar-me na cama cedo. Tenho escrito de manhã e de noite e a tentar manter o meu espaço arrumado. A única coisa que ainda não consegui retomar foi a leitura. Continua lenta, mas não me vou forçar a ler. Sei que se o fizesse, acabaria por ler ainda menos. Curiosamente, retomei um hábito antigo: sudoku. Tem sido o meu passatempo na hora do almoço

 

As coisas não vão bem, mas também não vão mal. Vão andando ao ritmo que têm de andar. Acredito que quando isto passar, terei aprendido alguma lição valiosa. Até lá, é viver um dia de cada vez e manter o pensamento positivo, enquanto aprendo mais sobre mim com os meus pensamentos negativos

 

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